II - O comentador de 2ª feira, Miguel Sousa Tavares, confessa que acabou de votar e que por isso não quer saber do que pensa a TROIKA.
Infelizmente, a TROIKA já olhou para os resultados eleitorais e somou os votos da direita com a abstenção!
Um olhar despreconceituado… ou talvez não. A verdade é tudo o que nós ignoramos.
Durante muitos anos, ouvi os mais velhos (e não só!) acusarem o vizinho, o padre, o cabo de esquadra e o amigo de serem “santos de pau carunchoso”. Em todo este tempo, nunca consegui encontrar alguém a quem o epíteto assentasse que nem uma luva. Havia sempre um senão! Uma virtude que me impedia de aplicar a referida locução!
Até que, ao folhear o Expresso de 27 de setembro, encontrei o “santinho” reverente, suplicante…
Mas quem é que ainda tem disponibilidade para relacionar? E como é que se relaciona se não houver aproximação? Se hoje se admira tão pouco não é por causa desse tempo em que tudo era poroso, em que tudo ficava na retina, mas porque, paradoxalmente, vivemos distantes, apesar dos mil “likes” que insistimos em pospor…
Na Jardim da Estrela, ainda há alguma proximidade. Se olharmos de perto, vemos uma multiplicidade de grupos à procura do respetivo centro. Mas parece que todas estas pessoas fogem da lavagem ao cérebro que se instalou nas aldeias e cidades deste triste país…
Na verdade, há muito poucos candidatos autárquicos dignos de serem admirados! Com obra ou sem ela, a maioria só busca a Fama, um lugar que lhes dê poder e os ponha bem longe da pobreza.
Se soubéssemos relacionar, no dia 29 de setembro, teríamos uma enorme dificuldade em votar!
« - Ainda houve aquele revolucionário jurar de bandeira nos Ralis - retomo o fio primeiro da conversa, nódoas como a da gravata do senhor conde até numa revolução tão generosa -, a pilhagem da embaixada de Espanha, a agitação nas ruas, a sublevação nas escolas e outros desmandos...», Fernando Campos, O Sonho, edição Expresso 2003, Os Lusíadas, canto IV, comentários de José Hermano Saraiva, ilustrações de Pedro Proença.
Curiosamente, esta oliveira e esta figueira não me exigem que as regue! Apenas, me sugerem que dava jeito algum desbaste das apressadas vergônteas… E, sobretudo, não querem qualquer exclusivo. O que estas árvores pedem para si deveria ser extensivo a todas as irmãs que as acompanham na roda do tempo.
O problema é que na capital, há quem retire aos proprietários os meios necessários à limpeza do terreno, à abertura dos caminhos, à poda das árvores. E quando estas árvores forem devoradas pelo fogo, então, sem pudor, serão apontados os pirómanos: alcoólicos, pastores, desempregados, maridos enganados…
Porém, se nos dessemos ao trabalho de escutar a centenária oliveira, ouviríamos uma voz a apontar para a capital, para o capital…
/MCG